Na última quarta-feira foram reveladas novas denúncias que agitaram ainda mais a grave crise
política do Brasil. Além do envolvimento do presidente nacional do PSDB e ex-candidato à presidência
da república por este partido Aécio Neves – até então tido por alguns como referência ética – tais
denúncias atingem em cheio o presidente da república Michel Temer.
Em pouco mais de um ano o governo ilegítimo de Temer impôs ao povo brasileiro um conjunto
de medidas – algumas já aprovadas e outras em tramitação – entre as quais a PEC da limitação dos gastos
públicos, as reformas do ensino médio, trabalhista e previdenciária, a lei das terceirizações e tantas outras
que conformam um programa político-econômico que não foi aprovado por qualquer urna em nosso país.
Aliado ao fato do envolvimento de membros do alto escalão deste governo em escândalos de
corrupção apresentados a partir da operação lava-jato, já havia inúmeras demonstrações de que Temer não
tinha qualquer possibilidade de se manter na presidência do país. As revelações da última quarta-feira são
a gota d’água para a queda deste governo, pois demonstram o envolvimento pessoal do presidente em
exercício no pagamento de propina para calar o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, também do
PMDB, atualmente preso.

Definitivamente, é hora de dar fim a este governo. Tal processo envolve necessariamente a
mobilização da população. O momento exige que aumentemos o nível de organização e mobilização
popular, pois não podemos permitir que os grandes empresários, as grandes redes de televisão, o
judiciário ou o congresso nacional definam os rumos do país em momento tão decisivo.
Temer deve cair e necessariamente abrir-se-á – perdão pela utilização do decadente vocabulário –
a disputa pelos caminhos que a sociedade brasileira deve seguir. É absolutamente necessário propormos
caminhos democráticos. Devemos rechaçar qualquer possibilidade de eleições indiretas pois este
congresso nacional não tem qualquer legitimidade para definir os rumos do país. Defendemos que o povo
decida, a partir da convocação de novas eleições para a presidência da república e o congresso nacional.
A queda de Temer e a ocorrência de novas eleições não se darão pela nossa simples vontade ou
por um acordo entre as elites que controlam o país. Por isso é absolutamente necessário que façamos
pressão para que isto ocorra, com mobilizações como as que estão acontecendo em todo o país desde a
noite de quarta-feira. Tais conquistas só ocorrerão como resultado de um amplo processo de mobilização
que deve incluir todo um conjunto de forças políticas, sociais e indivíduos que tenham a certeza da
necessidade de saídas democráticas para o momento que vivemos.

Nesta mesma perspectiva de termos saídas que contemplem mais democracia, e não menos
democracia, devemos debater a convocação de uma assembleia constituinte soberana, onde possamos
rediscutir com o conjunto da população inclusive as reformas que foram aplicadas durante o governo de
Temer. Bem como devemos avançar no debate sobre a reforma política, para ressignificar os processos
eleitorais do país, neste momento comprovadamente controlados pelo poder econômico e suas relações
desonestas com a absoluta maioria dos grandes partidos e políticos tradicionais.

O caminho é árduo mas temos que trilhá-lo, coletivamente. Nunca é demais repetir que não
podemos aceitar saídas que não passem pela democracia e pela participação popular. Eleições Diretas Já!

Publicado por Jurandir Silva

Assessor da Deputada Federal Fernanda Melchionna; membro do Diretório Estadual do PSOL-RS, membro da Executiva e do Diretório Municipal do PSOL Pelotas.

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