Entrevista com Rodrigo Rosa*

1- Sobre as pautas do movimento LGBT, quais os principais avanços e desafios?

O Movimento LGBT organizado tem como marco histórico a revolte de Stonewall em 69. Com a epidemia do HIV/AIDS na década de 80, o movimento organizado se dedicou boa parte na luta contra a doença.
Nos últimos tempos a luta por mais direitos reacendeu com força e pela atuação do movimento social temos conquistado cada vez mais espaço.

2- O cenário político nacional apresenta retrocessos em diversas áreas, em relação à pauta LGBT, como tu percebes esses retrocessos?

A eleição de Bolsonaro é um retrocesso enorme para a população LGBT, mas já nos governos anteriores nós víamos a pauta LGBT ser negociada.
Um presidente abertamente LGBTfóbico, porém é um ataque à democracia real. Os maiores avanços tem sido conquistado via poder judiciário, e portanto precisamos estar atentos para garantir as conquistas e derrotar Bolsonaro.

3- Sobre a LGBTfobia, homofobia, transfobia, o que se apresenta, atualmente, como os maiores problemas para o movimento?

O Brasil ainda é o país que mais mata LGBT no mundo. E a população que mais sofre com essa realidade é a população T. Mas isso é só a ponta desse iceberg, a LGBTfobia estrutural nos violenta diariamente de muitas outras maneiras, nos negando acesso à saúde, educação, emprego, por exemplo.
Temos muito a conquistar.

4- Sobre a parada LGBT, fala um pouco sobre o histórico dessa atividade ao longo dos anos e sobre a 18ª Parada da Diversidade de Pelotas e o Stonewall.

A primeira mobilização vem com uma resposta nos EUA de LGBTs que resolveu se insurgir frente às truculentas ações da polícia no final da década de 60. Essa atuação ficou conhecida como revolta de Stonewall é esse ano completa 50 anos, e teve na linha de frente mulheres travestis, destacando-se Marsha P. Jonson e Sylvia Rivera.
As mobilizações se espalharam primeiro pela Europa e chegando ao Brasil. A maior parada hoje em dia acontece na cidade de São Paulo.
Em Pelotas a 18a Parada da Diversidade foi construída coletivamente por diversas organizações, e resgata esse caráter de luta tendo como tema os “50 anos de Stonewall: esse ano eu não morro!
Foi um evento com muita diversidade em público e organização e marcou forte oposição ao Governo de Bolsonaro.

5- Quais as maiores referências para o movimento LGBT, especialmente no âmbito da política e das artes, e quais as suas maiores contribuições?

A comunidade LGBT tem cada vez mais representatividade. Cada vez menos precisamos de “porta vozes aliados”. Todos e todas na luta antilgbtfobia são importantes, mas somos capazes de ocupar todos os espaços. Marielle é um símbolo de resistência LGBT. David Miranda, Jean Willys, tantos e tantas outras são exemplos disso.
Na arte, a cultura drag tem tido cada vez mais destaque, representantes como Pabllo Vittar e Glória Groove são exemplos de corpos políticos para além da arte.
Majur ao lado de Emicida é um grito de resistência. Assim como várias outras expressões na música e em outras expressões artísticas. Na cena local, Liddia MC é também exemplo aqui em Pelotas.

Temos conquistado cada vez mais espaço e não vamos voltar para o armário.

A luta LGBT deve ser uma luta de todos e todas, deve ser uma luta antirracista, deve ser uma luta da classe trabalhadora, uma luta das mulheres, uma luta anticapitalista.

* Rodrigo Rosa é Conselheiro Municipal dos Direitos e Cidadania LGBT, Militante do Coletivo Juntos LGBT e Militante do PSOL LGBT

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