Chama atenção o esforço feito nas últimas semanas para tratar do tema da continuidade das obras
da BR-116. São caravanas de políticos, ações amplamente divulgadas, inúmeros discursos nas Câmaras
de Vereadores das cidades da zona sul do RS, cobranças a autoridades de todos os níveis para que se
posicionem favoráveis à pauta. Tudo isso com amplos espaços para explicações nas rádios, jornais e TVs.
Sem a duplicação o trajeto é comprovadamente menos seguro, tendo em vista os inúmeros
acidentes que poderiam ser evitados com a conclusão da obra. Além disso, estando a obra em andamento,
é absolutamente necessária a sua conclusão, inclusive para que o elevado volume de recursos públicos
destinados até aqui para a duplicação não seja desperdiçado. Sendo assim, tenho convicção em apoiar a
mobilização pela conclusão da obra, inclusive cobrando o governo Temer para que este destine recursos
adequados para a saúde, a educação e a conclusão das obras de infraestrutura, como a duplicação da BR-
116.
Esse tema é muito importante, assim como outros que merecem ampla mobilização, espaço na
mídia e exigência de posicionamento por parte dos agentes públicos. Um dos muitos temas sobre os quais
precisamos nos mobilizar e informar ao conjunto da população é a reforma da previdência. Essa reforma
tramita no congresso nacional e o objetivo do governo e seus apoiadores é que ela seja votada e aprovada
rapidamente, sem dar tempo para debates e circulação de informações sobre o assunto. O governo alega
que é necessária a aprovação da reforma para garantir as aposentadorias dos brasileiros no futuro.
Ocorre que, com a aprovação da reforma, simplesmente terá fim aquilo que hoje conhecemos
como aposentadoria, retirando direitos históricos de trabalhadores e trabalhadoras. A reforma prevê que a
idade mínima para aposentadoria passará a ser de 65 anos para homens e mulheres, aumentando a idade
mínima, retira o direito das mulheres de se aposentarem com menos idade, direito este plenamente
justificado em virtude da dupla ou tripla jornada de trabalho a qual são submetidas, tendo que desenvolver
suas atividades profissionais e além disso sendo responsáveis pelas tarefas domésticas.
O texto da reforma determina ainda que o tempo mínimo de contribuição previdenciária para que
tenhamos direito à aposentadoria integral passará a ser de 49 anos. Em tempos em que o emprego formal,
com carteira assinada, é cada vez mais inacessível e instável, essa determinação nada mais é do que o fim
do direito à aposentadoria integral. Além disso, a reforma iguala trabalhadores urbanos e rurais, retirando
o direito dos agricultores de se aposentarem 60 e 55 anos de idade, outro plenamente justificável tendo em
vista a carga de trabalho e dificuldade de comprovação em carteira destes trabalhadores.
É inaceitável que tenhamos pouco espaço de debate e divulgação para estes e outros pontos da
reforma da previdência. É inaceitável que não tenhamos a necessária cobrança aos parlamentares gaúchos
para que se posicionem contrários a esta reforma, e que aqueles que a defendem se justifiquem perante o
conjunto da população.
Felizmente, mulheres, agricultores, movimentos sociais, uma parcela significativa da população,
não está esperando por amplos espaços nos jornais e emissoras de rádio e TV para barrar a reforma
previdenciária. A resistência está sendo construída nas ruas, em grandes mobilizações como as que
ocorreram em 15 de março por todo o país, inclusive na zona sul do RS.

Publicado por Jurandir Silva

Assessor da Deputada Federal Fernanda Melchionna; membro do Diretório Estadual do PSOL-RS, membro da Executiva e do Diretório Municipal do PSOL Pelotas.

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