Na segunda-feira, 13/07/2020, uma postagem de um jornal de grande circulação no município de Pelotas, comunicava a decisão do nosso partido, ocorrida em plenária virtual no último sábado, dia 11/07 e que aclamou o nome do Professor Júlio Domingues como nosso pré- candidato à prefeitura de Pelotas. Em poucos minutos da postagem (a matéria continha foto do pré candidato e um breve texto), surgiram inúmeros comentários de teor racista e odioso, os quais visavam desqualificar a figura do nosso companheiro.

Tais atitudes refletem o quanto a sociedade brasileira ainda desqualifica e ataca violentamente negros e negras. A violência não é só uma atitude física, mas também se expressa em símbolos e linguagens que colocam a comunidade negra sempre em condições subalternas.Esses ataques expressam algo que precisamos combater em todas as esferas da sociedade: o racismo! Esse que nos ataca cotidianamente e que insiste em nos impedir em concorrer a cargos no executivo, no legislativo, na administração pública, que busca silenciar nossas falas e nossas dores.

As dimensões estruturais do “racismo à brasileira” ou do “racismo nosso de cada dia” estão em consonância ao que denominamos “matriz colonial de poder”, que estabelece dicotomias entre os “civilizados” (brancos e europeus) e os “não civilizados” (negros e indígenas). Os últimos guardam as chagas e as mazelas do tratamento subalternizado e inferiorizado dos primeiros (brancos e europeus). Esse ideário da “branquitude civilizada”, mas que na realidade sinaliza seu lado “violento, colonial e irracional” as demais populações e que, inúmeras vezes se expressam sob a forma de racismo (ódio, sentimento de altivez, soberba, inferiorização de negros e indígenas). Assim, o racismo não é apenas uma questão biológica (cor da pele), mas é uma questão social visto no desenvolvimento da sociedade brasileira que alicerça tais condições estruturais. Lamentavelmente, Pelotas em sua nefasta herança colonial, elitista e escravista, não foge às tais questões, bem como as recupera nos ataques sofridos ao candidato do Psol Júlio Domingues nos últimos dias. Precisamos nos descolonizar (socialmente, politicamente e economicamente, racialmente), não apenas vitimizando tais problemáticas, mas compreendendo que a questão racial implica a necessidade de luta, resistência e reconhecimento! Isso assinala que a herança colonial, geradora dessa conjuntura societária, supõem a pertinência de um enfrentamento anticapitalista, anticolonial e antiracista!

Afirmamos aqui a nossa solidariedade ao professor Júlio Domingues, aclamado como nosso pré-candidato, que tem construído sua trajetória política representando uma a sociedade democrática, plural, respeitando a diversidade, buscando as pautas da classe trabalhadora, entendendo que o acesso à educação de qualidade é um direito de toda a população. A sociedade que desejamos é a que reconhece o legado histórico e a relevância da população negra na construção e desenvolvimento deste município. Reiteramos aqui que nosso compromisso com a construção de uma Pelotas justa, igualitária e realmente democrática passa, necessariamente, pelo aumento da representação de negras e negros nos espaços de poder.
Foram importantes a iniciativa de muitos companheiros de PSOL e alguns movimentos sociais, pessoas negras e não negras que se propuseram a fazer uma defesa de Júlio Domingues na referida postagem é necessário seguir a disposição de travar essa batalha para enfrentarmos coletivamente o elitismo, conservadorismo e o racismo.

Nossa coletividade negra manifesta irrestrito apoio ao nosso companheiro Júlio Domingues e afirma que estes ataques foram uma mostra inicial do que possivelmente será enfrentado e é fundamental afirmar que todas e todos precisam estar atentos e que se forma assim uma rede de apoio antirracista. Pois não deixaremos passar ataques como esse em uma sociedade democrática e na construção de políticas públicas para toda a população negra e não negra de Pelotas!
Pelotascontraracismo!
Nada sem nós!
Sigamos a luta!