Unir as lutas nas rodovias e nas ruas: todo apoio à greve dos caminhoneiros – Por Helder Oliveira

Ando sem a mínima paciência para os debates inócuos da “esquerda”. Escondendo a incapacidade de ação e formulação, preferem buscar refúgio na teoria da conspiração. Mais cômodo buscar deslegitimar, a partir de teorias rasas, do que tentar ter algum tipo de intervenção no processo. O metafísico se sobrepondo ao materialismo.

Os fatos: desde a busca de uma conciliação pra salvar Temer e Dilma do julgamento do TSE, quando Temer estava na berlinda, arrefeceu as lutas organizadas pelos sindicatos de trabalhadores. Porém, os ataques aos direitos sociais não acompanharam esse arrefecimento e o povo brasileiro seguiu sendo massacrado pelo ilegítimo governo Temer e pelo regime apodrecido da nova república.

Portanto, a pauta objetiva da greve dos caminhoneiros é absolutamente legítima. Quem achar que não se deve lutar contra o absurdo preço do combustível beira a insanidade. A consequência dos elevados preços é óbvia: aumento do preço de toda e qualquer mercadoria: do feijão, do arroz, da massa, dos legumes, da carne, das bebidas, enfim.
O modelo de taxação brasileira é absolutamente injusto, pois se baseia na taxação do consumo, na mercadoria circulada. Aí está um ponto fundamental para o debate: queira ou não queira, a luta dos caminhoneiros é central, uma das únicas capazes de mexer diretamente com a produção.

Ao mesmo tempo, há de se fazer uma ressalva importante: por ser central, os atores envolvidos atuam com força, inclusive o governo e a burguesia ligada ao setor. É óbvio que estes também tem interesses na greve, assim como é óbvio que está havendo uma disputa interburguesa neste processo.

Há, portanto, uma diferença de interesses com o resultado dessa greve. Por um lado, um setor dominante da produção deseja baixar taxas para as empresas, afim de aumentar sua lucratividade. Por outro lado, há aqueles que desejam a queda geral dos preços do combustível, o que gera massivo apoio popular às lutas dos caminhoneiros.

Porém, apenas desejar não basta. Se é verdade que historicamente os sindicatos ligados ao transporte rodoviário são, via de regra, ligados a patronal, também é verdade que é uma categoria empobrecida, sofrida, que também são explorados nas relações de produção. Portanto, em gênese, os caminhoneiros não são inimigos da classe, muito pelo contrário. Precisamos da solidariedade de classe ativa neste momento.

É claro que o movimento é difuso e existe uma disputa aberta de para onde vai. As elites produtivas querem diminuir ou extinguir taxas sobre as empresas; os caminhoneiros pretendem atingir principalmente a queda do diesel para poder trabalhar com um ganho maior e a sociedade torce para que a luta dos caminhoneiros de algum resultado prático nas prateleiras dos supermercados e nos postos de gasolina. Mas, e a classe organizada? Por enquanto, erroneamente, assiste e comenta, fazendo papel de mero espectador.

Portanto, a tarefa central para a classe organizada é unir as mobilizações nas ruas e nas rodovias. Não ter medo de atuar nas contradições e ser parte ativa do processo de lutas de classes. Ou ocupamos as ruas com as pautas sociais, no qual faz parte a queda geral do preço do combustível, ou fazemos o papel mesquinho de assistir e torcer, comentando e destilando preconceitos contra uma categoria da classe trabalhadora. Escolha seu lado.


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