Glauber Braga: PSOL na linha de frente contra a agenda de Temer

Publicado originalmente no site nacional do PSOL: www.psol50.org.br

No retorno dos trabalhos do Legislativo, o líder do PSOL na Câmara, deputado Glauber Braga (RJ), analisa os desafios que o partido terá pela frente, a batalha contra a Reforma da Previdência e o cenário político nesse ano de eleições gerais, em entrevista concedida à equipe de comunicação do partido. Para ele, somente a ampliação do enfrentamento, tanto no Parlamento, quanto nas ruas, em todo o país, será capaz de derrotar a agenda de retrocessos do governo de Michel Temer.

Na avaliação de Glauber, além das mudanças na aposentadoria, o Palácio do Planalto tem outros projetos de desmonte para o país e, em 2018, seguirá aprofundando o ajuste fiscal. “Eles vão manter esse projeto até o último minuto. Eles têm diferenças entre si, mas no que diz respeito ao programa há uma grande afinidade. Estão implementando a todo custo esse programa de desmonte”, pontua, afirmando, ainda, que o PSOL estará na linha de frente para derrotar a agenda de retrocessos.

Sobre a participação do PSOL nas eleições de outubro, o líder defende um programa que seja capaz de romper com o sistema vigente e que tenha uma ampla participação popular. “Uma candidatura do PSOL tem que apresentar um programa que seja radical, no sentido de combater as estruturas históricas de exclusão, e que tenha a participação popular como fundamento, não só no período de campanha, mas também na estruturação prática desse projeto”, finaliza.

Confira a entrevista completa.

1- O Congresso retoma os trabalhos, efetivamente, na próxima semana. Como deverá ser a atuação da bancada do PSOL nesse ano legislativo, que será marcado por eleições gerais, troca de favores entre bancadas e a tentativa do governo em aprofundar o ajuste fiscal?

O primeiro semestre é de um enorme desafio para a bancada do PSOL, porque eles vão vir com tudo com um projeto de desmontar o Estado brasileiro, não só com a reforma da Previdência, mas também com as privatizações, neste programa de Estado mínimo. Ampliar a resistência, não só institucionalmente, mas no Brasil como um todo, nas praças, nas ruas, mobilizando as pessoas contra essa agenda, é fundamental. E a bancada do PSOL vai estar na linha de frente, na resistência institucional dentro do Parlamento, contra a aprovação dessas medidas.

2- Temer e sua base aliada na Câmara, liderada por Rodrigo Maia, prometem colocar a reforma da Previdência em votação, no plenário, até o dia 19. O Palácio do Planalto já fala em promover novas mudanças na proposta. A bancada do PSOL avalia que o governo conseguirá fazer os acordos para manter o calendário?

Se fosse hoje, eles não teriam os votos necessários para a aprovação da Reforma da Previdência. O relator veio a público dizer que eles já tinham 270 votos. Eles não têm os 308 necessários. A gente tem que permanecer com a mobilização, porque eles estão fazendo de tudo para aprovar. Basta ver aí o “Topa Tudo Por Dinheiro” que foi a entrevista de Michel Temer para o Silvio Santos. Isto é só mais um aspecto simbólico daquilo que eles estão fazendo, que é entregar parcela significativa do patrimônio brasileiro para aprovação dessas matérias. Nós vamos continuar trabalhando – e trabalhando firme – para que eles não consigam aprovar. Hoje eles não teriam os votos suficientes para manter o calendário em fevereiro, mas a nossa mobilização tem que ser permanente. Até porque eles podem fazer a tática de botar outras matérias antes, matérias que não precisem de quórum qualificado, como por exemplo a privatização da Eletrobras ou outras privatizações, como fizeram no passado quando botaram o desmonte da legislação trabalhista para votar. O enfrentamento e a mobilização têm que ser permanentes. Hoje eles não conseguiriam aprovar o desmonte da Previdência pública.

3- Além da batalha contra a reforma da Previdência, quais outros enfrentamentos o partido deve travar este ano?

Além da batalha contra a Reforma da Previdência e contra o desmonte do Estado, a gente tem uma tarefa fundamental de apresentar um programa para o Brasil que, além da resistência, gere uma alternativa e apaixone os corações e as mentes do povo brasileiro. Isso só se constrói a partir de um programa dialogado com as ruas, com as pessoas, construído coletivamente. O PSOL tem um papel fundamental no processo de reorganização da esquerda, que passa agora pela resistência ao programa implementado pelo governo Temer, mas também pela apresentação de um programa popular que seja uma ruptura com esse capitalismo selvagem excludente, que eles procuram colocar em prática a todo custo.

Foto: PSOL na Câmara

4- O PSOL teve um papel central nas duas votações pela continuidade da investigação, no STF, das denúncias contra Temer. A popularidade do presidente ilegítimo está cada vez menor. Para o partido, como será a conjuntura nesse último ano de governo fruto do golpe institucional?

O Temer, junto com o grupo que dá sustentação ao governo, não está muito preocupado se a popularidade dele é baixa. O que conduz essa questão é a tentativa de desmontar o Estado brasileiro. Eles vão manter esse projeto até o último minuto. Eles têm diferenças entre si, mas no que diz respeito ao programa há uma grande afinidade. Estão implementando a todo custo esse programa de desmonte. O ano de 2018 não vai ser diferente: eles vão manter essa agenda e, além disso, vão tentar apresentar uma candidatura como se fosse de “centro”. “Centro” coisa nenhuma! A candidatura deles é de direita, porque é a que quer dar continuidade ao programa ilegítimo de Temer, apoiado prioritariamente pelo sistema financeiro. Programa esse que quer retirar direitos e recursos de quem tá na base da pirâmide, para transferir aos mais ricos, bem como transferir parte significativa do Estado brasileiro ao capital internacional, às grandes corporações que estão atuando também com tudo aqui dentro do Brasil.

5- O que dominará a cena política em 2018 serão as eleições. O PSOL terá candidatura própria, cujo nome será definido na convenção eleitoral, em março. Na sua avaliação, quais devem ser os eixos do programa que o partido apresentará à população?

A candidatura do PSOL tem que propor um programa que seja de ruptura estrutural com o sistema e o programa que está sendo implementado no Brasil, de retirada de direitos e ampliação do processo de exploração dos trabalhadores e das trabalhadoras do Brasil. Tem que ser uma candidatura que necessariamente, além de romper com essas estruturas históricas que fomentam a exclusão, tenha na participação popular não um discurso eleitoral, mas uma forma permanente de se articular com a sociedade brasileira. Então, uma candidatura do PSOL tem que apresentar um programa que seja radical, no sentido de combater as estruturas históricas de exclusão, e que tenha a participação popular como fundamento, não só no período de campanha, mas também na estruturação prática desse projeto. 


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