Desde o pacto firmado entre PT e governo Dilma Rousseff com setores fundamentalistas da sociedade brasileirasinalizado publicamente com o veto da presidenta à distribuição do material “Escola sem homofobia“, em 2011, e com a entrega da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados ao pastor Marcos Feliciano (PSC)em 2013, um grande sinal de alerta foi ligado. As pequenas conquistas alcançadas através das lutas organizadas partir da década de 70 passaram a estar permanentemente em risco. Lideranças políticas como Marina Silva e Bolsonaro se viram à vontade para reforçar discursos conservadores e preconceituosos. Grupos com ares fascistas fortaleceram as práticas de ódio e perseguição e, a cada ano, se vê aumentar o número de assassinatos e espancamentos às LGBTsnotadamente à população T. Mas, foi sob o risco da homossexualidade voltar a ser tratada como doença que as primeiras grandes manifestações, promovidas pelos movimentos sociais fora das Paradas do Orgulho LGBT, tomaram às ruas nas maiores cidades do Brasil. Contexto esse reforçado pelas políticas de arrocho e espoliação à classe trabalhadora aplicadas pelos governos Dilma e Temer. 

As trajetórias de organização das lutas pró diversidade e liberdade de expressão sexual e de gênero pelo mundo foram marcadas por avanços e recuos. A equiparação de direitos, advindas com o casamento civil, direito à adoção e ao acesso à herança, compartilhamento de benefícios sociais, regulamentação da identidade de gênero, acesso aos serviços oferecidos pelo Estado, acesso ao mercado de trabalho, criminalização da discriminação, entre outras, compõem o bojo daquela que é a mais importante conquista dessas lutas, a visibilidade. Contudo, esses avanços, em certo sentido, vêm dosados e gentilmente oferecidos pela ilusória mão caridosa do capitalismo. Em outras palavras, em troca de lucro, o sistema oferece certos benefíciosAcontece que, em tempos de profundas crises, como a atual, tendo em vista sua sobrevivência, o sistema é capaz de suprimir e reverter esses benefícios outrora cedidos, de forma a privilegiar grupos que lhe ofereçam maior sobrevidaNo Brasil, foram os fundamentalistas, que no Congresso Nacional possuem uma bancada com mais de 90 parlamentares, contra uma meia dúzia pró diversidade, quem saíram em defesa do Capital. Aqui, avalizaram o golpe, serviram de base de apoio aos governos Dilma e Temer e incentivaram as reformas anti-povo 

Ao cobrar a conta, se voltaram contra à população LGBT, e, depois de diversas tentativas, derrubam por meio de uma liminar na justiça federal a resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia, a qual proíbe os profissionais da área a promoverem a discriminação e a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas. Em resposta, milhares de pessoas foram às ruas num grande movimento popular contra essa ação. Nos cartazes, o óbvio: “não somos doentes, doente é o capitalismo!“. Como rastilhos de pólvora, a ideia se espalhou e unificou a pauta de luta. Tanto é que, no II Ato Contra Cura Gay, que está para acontecer em São Paulo nos próximos dias, a tônica anticapitalista dará o mote e impulsionará os aliados da causa a se unirem numa grande manifestação interseccionalAos poucos, e a exemplo da primavera feminina e do grande 8 de março realizado neste ano pelos movimentos feministas, as LGBTs se incorporam cada vez mais na luta popular e fazem ecoar com força o Fora Temer Diretas Já por todo Brasil. 

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